por Marisa Furtado, em 29.04.14
Domingo. Acordo com um barulho estranho. Levanto-me para ver o que se passa e o que se passa é isto:

Esta foi uma daquelas raras situações em que subir foi mais fácil que descer. Fui encontrá-lo a andar de um lado para o outro na calha sem saber como descer, por isso tive de ser eu a ajudá-lo. Pensava que ia sair daquela situação toda a arranhada e sem um braço, que os gatos quando estão em apuros não confiam em ninguém a não ser neles próprios - como eu os compreendo -, mas até nisso esta bolinha de pêlo me surpreende. Estiquei a mão para o agarrar pela barriga - que é só a coisa que ele mais odeia no mundo inteiro -, assim que se sentiu seguro inclinou-se para a frente, pôs as patinhas no meu braço e deixou-se levar. Quando aterrou no meu colo ficou muito quieto a olhar em frente, como que em estado de choque. Imediatamente a seguir arrependi-me de o ter ajudado. Daqui a uns dias vamos para fora e o Kubrick vai ficar em casa sozinho, com uma visita diária para tratar dele, e eu já estou a imaginar duas longas-metragens na casa de banho. Filme n.º1: subir para ali e ali ficar um dia inteiro por não conseguir descer; filme n.º2: num acto de desespero mandar-se cá para baixo à maluca e magoar-se. Claro que há sempre a hipótese de deixar a porta fechada, mas queria evitar isso para a casa de banho não ganhar humidades. Devia tê-lo deixado descer sozinho para perceber como é que resolvia a coisa! Mas não. Sou um coração mole e fui logo ajudá-lo - não sem antes tirar umas fotografias para a posteridade! Ter um animal de estimação é quase o mesmo que ter um filho. Uma pessoa nunca está descansada.