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O que os homens que educam raparigas precisam saber

por Marisa Furtado, em 30.03.15

Há uns anos soube que queria ser mãe. Acho que foi uma coisa que aconteceu assim de repente, num dia não pensava nisso e, sem que nada o fizesse prever, no dia seguinte comecei a maturar a ideia - será que é isto o relógio biológico? - Quero ter a oportunidade e o privilégio de educar alguém com os valores que acredito serem os correctos. É um desafio, provavelmente muitas vezes mal sucedido, mas acima de tudo um privilégio. Com o passar do tempo comecei a desenvolver um interesse crescente pelas questões da parentalidade - e não usei a palavra 'maternidade' de propósito -, desde a amamentação, esse assunto tão polémico!, a questões comportamentais dos miúdos - as birras, as noites a caminho da cama dos pais, a escola, as dificuldades de aprendizagem, etc. Numa das minhas leituras acabei por ir dar a este post interessantíssimo; um texto escrito por uma rapariga de 23 anos sobre as 25 coisas que os pais devem fazer quanto têm uma filha. E quando digo pais refiro-me exclusivamente aos homens. Estas são algumas coisas que ela menciona no artigo:

- Não influencies nem assumas quais são os gostos dela só porque é uma rapariga. Não lhe mostres apenas flores e bonecas. Dá-lhe a conhecer também carros e Legos.
- Trata a mãe dela como igual e não como se fosse inferior a ti. Quando crescer vai querer que a tratem da mesma maneira.
- Mostra-lhe o teu lado sensível. Assim vai perceber que também pode sê-lo sem ver isso como uma fraqueza.
- Faz um esforço para entenderes os interesses dela. Vais ensiná-la que, sejam eles quais forem, são interessantes e têm valor.
- Se não o dirias a um filho, não o digas à tua filha.
- Não fales das mudanças que se passam no corpo dela como se fossem coisas estranhas. Isso só fará com que ela sinta vergonha do próprio corpo.
- Não objectifiques o corpo das outras mulheres nem faças comentários degradantes acerca disso. Ela ouve o que dizes e vai, certamente, olhar para ela à luz desses comentários.
- Não fales apenas de homens importantes, fala também de mulheres fortes e com papeis importantes na sociedade. Ela vai crescer sabendo que isso é a regra, e não a excepção, e que tem essa oportunidade.
- Ensina-a que ela é a única pessoa que decide o que acontece com o corpo dela

 

Este artigo fascinou-me porque, apesar de falar de coisas que, idealmente, fariam parte do senso comum de qualquer pai, toca também num ponto crucial e que, provavelmente, as pessoas não entendem ou não valorizam: a forma como os pais/homens educam as filhas e a forma como se comportam pode mudar o mundo para as mulheres. Não só para aquela que estão a ver crescer mas para todas as outras que se vão cruzar na vida dela e que ela própria, um dia, pode vir a educar. Depende muito deles, dos pais, dos homens que as educam, a forma como elas se vêem a elas próprias e como interpretam o que as rodeia. Parem de dizer aquela parvoíce "assim que ela me aparecer com um rapaz em casa recebo-o com uma espingarda". Não. Errado.  Se não confiam no julgamento que ela faz das pessoas, então alguma coisa falhou na educação que lhe deram. Se derem o exemplo não têm nada a temer. Se tratarem as mulheres, especialmente a mãe dela, com respeito, se forem carinhosos e elogiarem frequentemente não só a mãe mas a própria filha, se derem o exemplo, elas vão querer alguém igual ou melhor. Mas se, por acaso, ela se enganar esqueçam a espingarda. Basta estarem lá para ela quando as coisas correrem mal. Não só é mais realista como é bastante mais útil. E se tiverem  dificuldades em conter-se nesses comentários sexistas sigam-se por aquela simples regra: se não o diriam a um rapaz, não o digam a uma rapariga. Usando novamente o mesmo exemplo, nunca ouvi um pai de um rapaz dizer "assim que ele me aparecer com uma miúda cá em casa recebo-a com uma espingarda". Nunca. Provavelmente escolhem outro tipo de comentários idiotas e igualmente sexistas. Portanto, se não o diriam aos filhos, não o digam às filhas e vice-versa. É um óptimo primeiro passo para educar aquela pessoa para a igualdade. Os pais - e agora por 'pais' refiro-me aos dois, ao pai e à mãe - não são a única influência na vida dos filhos e é por isso que têm de ser a melhor. 

 

 

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publicado às 10:20


11 comentários

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De barrasi a 01.04.2015 às 18:11

Like! :)
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De Ana CB a 01.07.2015 às 09:24

Muito bom!
Porque só haverá verdadeira igualdade de géneros no dia em que posts como este deixarem de ter razão de ser... :-(
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De meandmyboy a 01.07.2015 às 09:58

Adorei. OS meus educaram três raparigas. Nenhuma de nós pode dizer que tivemos uma má educação. Embora não tinha estudado muito como as minhas irmãs,todas tivemos uma boa educação. O meu pai é de poucas palavras, sempre lhe tivemos respeito e nunca nos batia. Posso dizer que fomos bem educadas.
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De Mortícia a 01.07.2015 às 10:52

Não era preciso fazer um post a explicar isso,a não ser que estejam todos parados no tempo das cavernas,hahahahahahahahahahahaha!
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De Anónimo a 01.07.2015 às 11:26

Se eu dissesse à minha filha, que a regra é haver mulheres fortes com papéis importantes na sociedade, estaria a mentir-lhe. Eu não lhe vou dizer semelhante disparate.
Eu vou dizer-lhe que ela tem de ser forte, ainda mais que um homem, para poder ter um papel importante na sociedade. Vai ser muito difícil, mais difícil do que para um homem, mas eu tudo farei para ajudá-la a viver neste mundo de homens.

Um pai
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De Fasspim a 01.07.2015 às 11:35

Fantástico! Isto é algo maravilhoso. Sou pai de duas meninas e um rapaz. Este artigo só nos mostra que há sempre espaço para melhorar. A sensação de que nos é possível "moldar" um outro ser é de um peso enorme, porque servirá para o bem e para o mal. Boa sorte Pais!
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De Anónimo a 01.07.2015 às 12:56

"se não o diriam a um rapaz, não o digam a uma rapariga..."
Como as feministas de hoje se esquecem tão rápido de que o contrario também não é regra nesse "sector "...
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De FS a 01.07.2015 às 14:01

É bem verdade e, infelizmente, ainda precisa de ser dito (e escrito). Sou pai de uma menina e de um menino, e a diferenciação às vezes é tão fácil e subtil, mesmo sem o querermos. Mas sabe, fui criado e educado por 2 grandes mulheres, por morte prematura do meu pai, e digo-lhe que para além destas coisas que se devem ter em conta na educação de uma filha, é preciso educar os filhos (rapazes e raparigas) para a aceitação do outro sempre como igual, independentemente da diferença aparente. E com orgulho lhe digo que a minha filha joga à bola com o irmão e ambos "cozinham", lado a lado, para todos os bonecos lá de casa! As diferenças entre eles, como pessoas, o ditará a genética e tudo o que absorverem da vida.
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De FS a 01.07.2015 às 14:30

É bem verdade e, infelizmente, ainda precisa de ser dito (e escrito). Sou pai de uma menina e de um menino, e a diferenciação às vezes é tão fácil e subtil, mesmo sem o querermos. Mas sabe, fui criado e educado por 2 grandes mulheres, por morte prematura do meu pai, e digo-lhe que para além destas coisas que se devem ter em conta na educação de uma filha, é preciso educar os filhos (rapazes e raparigas) para a aceitação do outro sempre como igual, independentemente da diferença aparente. E com orgulho lhe digo que a minha filha joga à bola com o irmão e ambos "cozinham", lado a lado, para todos os bonecos lá de casa! As diferenças entre eles, como pessoas, o ditará a genética e tudo o que absorverem da vida.
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De Maribel Maia a 01.07.2015 às 15:28

Parabéns pelo Post... No meu blog procuro refletir sobre muitos destes temas ligados à Educação!
Boa escrita!

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