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Ontem vi no Facebook uma reportagem da SIC Notícias sobre como ajudar os refugiados que vão chegar a Portugal. Dizem eles que há já quem se tenha chegado à frente para lhes dar guarida e outros que anunciaram que têm trabalhos na área da agricultura para oferecer aos que fogem da guerra e da vida miserável que têm no país de origem. Até aqui tudo bem. Esta é uma boa notícia. Afinal somos conhecidos por sermos tão cinzentões mas no fundo, lá no fundinho, somos uns corações moles. Não podemos ver sofrimento alheio que vamos logo a correr ajudar quem precisa. Certo? Ou será que não é bem assim?
Quando comecei a ler a caixa de comentários caiu-me tudo ao chão: “Vão ser como os ciganos que recebem mais do que quem trabalha!”, “1 em cada 10 são terroristas”, “Vão viver dos nossos subsídios!”, “Temos o dever de os ajudar mas temos a obrigação de defender os nossos!”, “Não ajudamos os nossos mas ajudamos os de fora!”, “Deviam era juntar-se todos e lutar contra quem lhes quer fazer mal, mas na terra deles!”, “Primeiro estão os nossos que precisam de ser ajudados!”, “Estamos a ajudar estrangeiros em vez de ajudarmos os portugueses que passam fome e frio nas ruas!”, “Mandam os nossos jovens emigrar e depois dão trabalho aos que vêm de fora!”, e mais haveria para citar, infelizmente.
Mas que gente é esta? “Então e os nossos?” A sério? Estão com inveja daquelas pessoas? Pessoas que vêm para cá sem nada, que vão passar meses amontoados em abrigos, que não sabem falar a nossa língua, que, provavelmente, perderam familiares na travessia até à Europa e, sim, que vão trabalhar nos nossos campos agrícolas estando ao mesmo tempo a ajudar-nos com a sua mão de obra e, obviamente, a receber pelo trabalho que desempenham, que a escravatura, felizmente, já é crime. Acham mesmo que os jovens portugueses que emigram se podem comparar a estas pessoas? Acham que um jovem de 25 ou 30 anos, licenciado que vai para o estrangeiro procurar um trabalho onde lhe paguem mais que os 500 ou 600€ portugueses se pode comparar a pessoas que fogem dos seus países de origem por alguém lhes ter rebentado com as casas, por as escolas estarem fechadas porque são um alvo tão apetecível como qualquer outro, por não terem o que comer? Acham mesmo que estamos em pé de igualdade? E se virarmos a situação ao contrário? E se fossemos nós os refugiados? Se fossemos obrigados a fugir do nosso país por ser mais perigoso ficar do que ir? Sim, que nada nos garante que não viremos a passar por algo semelhante. Que tal nos sentiríamos se chegássemos ao outro lado sem nada, provavelmente depois de termos visto a nossa mulher, ou o nosso filho morrer pelo caminho, e nos depararmos com as reacções que estamos a ter agora para os que precisam de ajuda? “Vão ser como os ciganos que recebem mais que quem trabalha!”, “Vão viver dos nossos subsídios!”, “Temos o dever de os ajudar mas temos a obrigação de defender os nossos!”, “Não ajudamos os nossos mas ajudamos os de fora!”, “Deviam era juntar-se todos e lutar contra quem lhes quer fazer mal, mas na terra deles!”… se calhar se virmos as coisas assim, se nos pusermos na pele deles, já não gostamos, já não nos sentimos tão superiores nem tão nacionalistas. Se calhar achamos que estamos todos a exagerar e a comportarmo-nos como pequenos animais selvagens que, como não são racionais, fazem apenas o que se lhes está na natureza quando outro animal lhes invade o território: põem as garras de fora e atacam. É um exercício bastante simples este, o de nos pormos na pele dos outros. Basta sermos portadores de uma coisa muito bonita e humana que se chama empatia que é precisamente aquilo que nos permite identificar com outras pessoas e com situações pelas quais nunca passámos. Mas se por acaso houver aí alguém incapaz de desenvolver tal sentimento e, pelo que li nas redes sociais, há muita gente que sofre desta patologia, vejam este vídeo produzido pela organização Save the Children precisamente para tocar aqueles que ou andam a dormir e não sabem o que se passa ou têm um pedragulho no lugar do coração e, por isso, vão para as caixas de comentários das redes sociais vomitar alarvidades como aquelas que citei aqui.
Se quiserem saber mais sobre o que se está a passar, o Observador está a fazer um trabalho incrível sobre o tema. É, provavelmente, o site português mais informativo que tenho consultado ultimamente. Não só sobre a crise dos refugiados mas também sobre os temas de política interna. Gostei particularmente deste guia eleitoral que resume muitíssimo bem, de forma clara e simples, as propostas de cada um dos partidos portugueses. Se estão indecisos e não sabem em quem votar esta é uma boa forma de ficarem mais iluminados. Ou não, mas aí a culpa já não é do jornal.
MØ. É assim que a cantora dinamarquesa Karen Marie Ørsted quer ser tratada. Descobri-a no início do ano, quando ainda andava entretida com o novíssimo 1989 da Taylor Swift – por falar nisso, viram a colaboração da Phoebe Buffay num dos últimos concertos da nova menina bonita da pop? É a colaboração mais aleatória mas também mais fixe de sempre! Se forem fãs da série Friends, como eu, vão adorar – dizia eu que descobri a MØ no início do ano e primeiro estranhei para só depois entranhar. Acho que é daquele tipo de música que vai crescendo em nós. A música que ela faz é assim um electro-punk-pop-moderno… será que existe? Nos tempos que correm fica cada vez mais difícil definir com clareza um estilo musical, já que parece que os artistas vão beber inspiração um pouco a todo o lado. E isso é bom. Gosto disso. Por isso, à falta de melhor descrição, fica assim: MØ = electro-punk-pop-moderno. Gosto da sonoridade, das letras atrevidas e acho graça ao estilo com que se apresenta, muito bad girl lá do bairro nos anos 90 que faz dela uma estrela pop improvável.
O álbum, No Mythologies to Follow, tem duas ou três músicas mais upbeat, mais animadas, mas é o lado mais negro, que ocupa grande parte deste trabalho, que lhe fica melhor. Porém, sinto que tem ali uma certa melancolia à la Lana del Rey que já me começa a irritar… também sentem isso? Os primeiros dois álbuns – Born to Die e Paradise – foram muito muito bons, fantásticos mesmo, e tudo o que se seguiu parece inundado por uma depressão crónica que não se aguenta. É sempre tudo um grande enfado para aquela rapariga. O facto de a MØ ter ali uns quase imperceptíveis traços de Lana faz-me temer pela nossa relação cantora-ouvinte. Acho a música dela muito original e, por isso, espero que se mantenha no mesmo registo e não siga os paços da diva Lana.
Ficam algumas músicas.
Nos últimos dois anos tenho-me apercebido que Setembro é para mim o que Janeiro parece ser para o resto das pessoas: um mês de mudança, de resoluções, um virar de página, um começar de novo e isso, aparentemente, traduz-se numa vontade estranha de fazer desporto. Detesto exercício e tudo o que envolva a obrigatoriedade de calçar uns ténis e roupa de licra e suar durante 1h, porém após o verão tenho sempre uma vontade súbita de fazer qualquer coisa, de me mexer, de cuidar da minha saúde.
Há quase dois anos inscrevi-me num ginásio ao pé da minha antiga casa para fazer Pilates, porque é de facto uma actividade – a única talvez? – que eu gosto, mas rapidamente percebi que não ia conseguir levar aquilo a bom porto. Ter de estar subjugada a horários chateia-me. Naquele caso ter de ir para o ginásio das 20h às 21h era meio caminho andado para não ir. Chegava a casa às 19h/19h30 ia para o sofá fazer tempo e perdia imediatamente a vontade de voltar a sair, e como era só duas vezes por semana se faltasse um dia ficava cheia de pesos na consciência porque isso significava que só tinha mais um dia para ir – o que nunca me demoveu, atenção! Nunca levei muito a sério os meus pesos de consciência - e, por cima disto tudo, as aulas apesar de terem começado bem, rapidamente descambaram. Eram raras as vezes em que estava em sintonia com a professora. Ou terminava os exercícios primeiro, ou tinha mais dificuldade e demorava mais um bocadinho e quando finalmente terminava um exercício já ela estava quase a meio de outro e a cereja no topo do bolo era a música. Era quase sempre os grandes êxitos do Pedro Abrunhosa… nada contra, mas para além de não ser nada o meu estilo de música – ouvir alguém a declamar poesia com música de fundo não é a minha onda – não era propriamente o que estava à espera quando me inscrevi no Pilates. Fazer exercícios ao som de “Hoje é o teu dia” tirava-me a pica toda, por isso desisti, voltei à minha normal vida sedentária e entretanto passaram-se quase dois anos e a vontade voltou. Merde! Desta vez com razões mais concretas que vão para além de uma vontade de fazer qualquer coisa só porque sim.
Para o ano faço 30 anos. 30! Sempre tive uma ideia muito romantizada dos 30: que era uma década de viragem, em que as mulheres são mais bem resolvidas que aos 20, mais decididas, mais senhoras do seu nariz, mais determinadas, com uma noção mais clara daquilo que querem. Não sei se é ou não mas agora que estou ali quase a chegar à estação dos intas parece que desceu em mim uma noção de que o meu corpo não vai ser sempre igual e sempre ouvi dizer que é a partir dos 30 que as coisas começam a mudar para pior. Tudo desce, nada sobe, tudo fica mais flácido, nada fica mais rijo a não ser que façamos algo para contrariar essa triste realidade. Para além disso agora que começo a pensar na maternidade um pouco mais a sério dou por mim a valorizar muito mais a prática de exercício e um estilo de vida mais saudável, não só para me sentir melhor comigo e não desatar a engordar sem qualquer tipo de controlo mas, também, para dar o exemplo. Um bom exemplo.
Posto isto, dirigi-me ao Solinca para saber as condições que tinham para me apresentar. Não foram más, que não foram, estava à espera de preços na ordem dos 50/60€ e afinal nem chega a 40 mas, e há sempre a porra de um mas, tem de ser com fidelização de 12 meses. Isto não seria problema se a) eu não tivesse más experiências anteriores no que toda a desistências. Ao fim de 5/6 meses farto-me e b) se não tivesse andado por essa internet fora a ler testemunhos de gente que também se inscreveu neste ginásio e quando quis cancelar foi o cabo dos trabalhos, com advogados ao barulho e tudo, mesmo cumprindo as regras deles – avisar 30 dias antes do término do contrato. Enfim, é todo um mundo de chatices que não me apetecia nada ter. Sim, bem sei que estou a ser derrotista, ainda nem comecei e já estou a pensar em desistir mas a verdade é que uma pessoa nunca sabe o que lhe pode acontecer na vida. E se eu precisar daquele dinheiro para outra coisa? Como é? Vou ter de continuar a abrir os cordões ao Solinca e virar as costas a tudo o resto? Hum? É isso? Mas afinal quem é que manda no meu dinheiro? Já me estou a irritar vêem? E por aí, há alguém que frequenta, ou já frequentou, o Solinca? A experiência é boa ou foi um casamento que terminou mal?
Há uns dias li na Harpers’s Bazaar as 9 coisas que os organizadores profissionais – não sei o que são mas parece-me algo que estou muito perto de ser! – fazem todos os dias e lembrei-me imediatamente de uma conversa que tinha tido com uma amiga e que, por estranho que pareça, até é bastante recorrente na minha vida: a importância de fazer a cama. A primeira coisa que a Harper’s Bazaar destaca é que os organizadores profissionais fazem sempre as suas camas. Dizem que é um acto que promove a produtividade ao longo do dia e que é o primeiro passo para uma vida mais organizada. Não sei se é ou não mas a verdade é que dia em que não faça a cama antes de sair de casa é dia que começa mal ou que se avizinha caótico. Sempre fui muito arrumada e organizada e desde pequena que tenho o hábito de fazer a cama antes de sair de casa. Já faz parte da minha rotina matinal. Detesto chegar a casa ao fim do dia, entrar no quarto e ter a cama de pantanas como se alguém se tivesse acabado de levantar. Não sei explicar exactamente porquê mas é um cenário que me esfrangalha assim um bocadinho os nervos – acredito que tenho um transtorno obsessivo compulsivo ligeiro que ainda não foi diagnosticado.
Bom, essa minha amiga e, aparentemente, 95% das pessoas que conheço acham que fazer a cama é uma perda de tempo e uma coisa que não faz sentido nenhum. O argumento é sempre o mesmo e, a meu ver, muito pouco aceitável: “Para que é que eu vou fazer a cama se logo à noite me vou lá deitar outra vez?” Será que quem diz isto aplica este modelo de raciocínio a tudo? “Para que é que vou pendurar este casaco se amanhã o vou vestir outra vez? Fica aqui em cima do sofá que fica muito bem”, “Para que é que vou guardar o pijama se logo à noite o vou vestir outra vez? Vou mas é deixá-lo enrolado aqui no meio dos lençóis, que assim com'ássim também não vou fazer a cama”, “Para que é que vou aspirar a casa se amanhã já está tudo sujo outra vez, que o raio do gato/cão/coelho só larga pelo?”, “Para que é que vou passar a ferro se logo a seguir vou vestir a camisola e ela fica toda amarrotada?”. "Para que é que vou baixar a tampa da sanita se daqui a uma hora, o mais tardar, já vou ter de a levantar outra vez?" CAOS! A vida desta gente é um caos. Para além disso, um quarto com a cama feita é imediatamente um quarto arrumado e organizado, com um aspecto mais limpo e bonito e isso é uma característica que eu prezo muito em minha casa onde eu não vou só para dormir. Passo lá bastante tempo, gosto de viver o meu espaço e por isso gosto que o meu espaço esteja arrumado, organizado e limpo porque só assim me sinto bem.
Há um mito cultivado por todas as pessoas que não acreditam em fazer a cama, que é a cama ter de arejar por causa dos ácaros. Ai, adoro. Adoro porque nunca ninguém me sabe dizer quanto tempo é, realmente, preciso passar para dar cabo desses malvados mas, na dúvida, deixa-se o dia todo pronto, que assim já não há perigo. E adoro porque isso não está realmente provado, parece-me que é assim um daqueles mitos urbanos que passa de geração em geração, como aquele de que tomar banho depois de comer pode matar. Segundo um artigo do Observador – sim que eu fui-me informar para poder refutar estas ideias e evangelizar todos em meu redor - deixar a cama a arejar durante todo o dia ou não não tem qualquer influência na melhoria das alergias nem na redução das comunidades de ácaros que podem popular no vale dos nossos lençóis. Desconfio que a autoria dos “estudos” alarmistas que defendem a urgência de não fazer a cama foram levados a cabo por um preguiçoso que acha que isso é uma perda de tempo. E mais!, eu sempre dormi em camas feitas de manhã - calma enervadinhos dos ácaros, que não faço a cama assim que me levanto, é só a penúltima coisa que faço antes de sair. A última é calçar os sapatos. - e estou aqui para as curvas. Só padeço de um problema de estômago e de escoliose – mentira, tenho a certeza que tenho mais, que eu sou uma hipocondríaca do pior, mas estes são os únicos problemas diagnosticados – e não me parece que os malvados ácaros tenham desempenhado qualquer espécie de papel nestas maleitas.
Digam-me como é que alguém consegue sair de casa para ir trabalhar e deixar para trás um rasto de desorganização que vai reencontrar ao fim do dia quando regressa. Infelizmente o meu homem não é muito dado a esta actividade e como é o último a levantar-se já são mais as vezes que a cama fica por fazer. De qualquer forma, agora que vamos almoçar a casa, a primeira coisa que faço antes de me sentar a comer é... isso, fazer a caminha. Há imensos artigos que defendem que o quarto deve ser um sítio zen e calmo que promova o descanso, que até deve ser decorado com cores neutras e poucos padrões, que não deve ter televisão – bem… aqui discordo -, que não deve ser nem muito quente nem muito frio, enfim, que reúna as condições necessárias para uma pessoa entrar ali e mudar o chip para um estado de relaxamento. É por isso que não sei como fazem as pessoas que não fazem a cama. Quem é que se sente relaxado ao entrar num quarto com a cama por fazer? Com os lençóis todos amarrotados e, provavelmente, até desprendidos do colchão? Quem é que pode achar confortável entrar numa cama toda amarrotada? É que se me dissessem que fazer a cama é uma coisa que leva horas, mas é que nem isso! Em menos de cinco minutos despacha-se o assunto. E, meus amigos, se não têm cinco minutos de manhã para fazer a cama então não têm tempo para nada.
Desculpem mas eu AMEI este champo seco. Comprei em...
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