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O drama de mudar de esteticista

por Marisa Furtado, em 21.07.14

Não gosto de mudanças. Quando sei que tenho de mudar qualquer coisa na minha vida, por mais pequena que seja, fico enervada, stressada, a tentar prever todas as coisas que podem correr mal e primeiro que me habitue à nova realidade é o cabo dos trabalhos. Esta resistência à mudança é especialmente vincada nos serviços de estética. Quando, finalmente, encontro um cabeleireiro ou uma esteticista que era tudo aquilo que procurava, rezo a todos os santinhos para que aquela pessoa nunca se vá embora ou que aquele salão nunca feche porque se tal acontecer não quero demorar mais não sei quantos anos até voltar a encontrar 'o tal'. Isto é um drama! Acreditem. Sabem lá a dificuldade que é até encontrar as nossas almas gémeas nestas áreas! Só ainda não pedi o número ao rapaz que me corta o cabelo, à rapariga que me faz as nuances ou à que me faz a depilação porque tenho vergonha e não quero que pensem que sou uma weirdo. Uma stalker. O meu cabelo está bem entregue aos profissionais do 244Avenida, já as minhas virilhas só as confio a uma rapariga do cabeleireiro Perutte, no Colombo. Não morro de amores pelo salão, e só obrigada é que lá ia tratar do cabelo, mas a rapariga que me faz a depilação era tudo o que eu procurava: minuciosa na tarefa de exterminação dos malvados pêlos e cuidadosa para a coisa não doer mais do que o estritamente necessário. O problema é que vim de férias duas semanas e não consegui marcação com ela antes de vir, o que significa que tive de marcar depilação num cabeleireiro de Monte Gordo. E há muitos. Soube desta triste realidade uma semana antes de vir de férias e garanto-vos que todos os dias acordava angustiada a pensar nisto. "E se o serviço não fica bem feito?", "E se é tudo caríssimo?", "E se ela me queima?". Assim que aqui cheguei fui dar uma volta pelas redondezas para descobrir a esteticista perfeita. Tarefa impossível. Em cada esquina há um cabeleireiro e nenhum deles com particular bom aspecto. Entrei num deles ao calhas e fiz figas. A esteticista encaminhou-me para um corredor com uma porta branca ao fundo. Do outro lado da porta estava uma sala escura, cheia de velinhas, com um buda gigante sentado no chão, incenso, cortinas brancas com estrelinhas penduradas e uma aparelhagem a cuspir cantos gregorianos. É verdade, com tantos cabeleireiros por metro quadrado fui logo escolher aquele onde trabalha a hippie. Isto só me acontece a mim... A partir daqui foi sempre a piorar. Ainda estava eu a tirar a roupa e já ela estava de luvas e máscara (!), daquelas que tapam o nariz e a boca, como os cirurgiões usam... já me estava a ver a sair dali cortadinha às postas. Ainda ponderei pegar nas minhas coisinhas e sair a correr mas, corajosa, fiquei e deitei-me na marquesa. Primeiro que me começasse a fazer a depilação foi um filme: ora passa uma toalhita, ora passa um gel, ora passa novamente a toalhita, ora passa pó de talco, ora tira o pó de talco com uma rodela de algodão. Quando finalmente acha que a pele está preparada entra em cena a cera. Encolhi-me toda com medo que aquilo estivesse a ferver, mas não estava. Menos mal. Espalha a cera, guarda a espátula e vai de puxar a cera para arrancar os pêlos. Problema: a cera era de péssima qualidade e, para além de lhe ficar colada às luvas, partia-se toda. Farta de ter os dedos todos peganhentos e a ficarem colados a tudo, lá achou melhor trocar de luvas, só que assim que calçou as novas elas rasgaram-se. Aqui é que ela se começou a passar e a abandonar a cena zen dos budas e dos incensos. Desatou a bufar e a ficar impaciente e eu comecei a entrar em pânico. Afinal, quem é que quer uma pessoa enervada e impaciente a arrancar-nos pêlos das virilhas? Ninguém! Três pares de luvas e muita cera estragada depois a coisa lá se fez. Claro que não pude ver o resultado final porque a única luz que havia naquela sala era a das velas e a do candeeiro de pé apontado para o meio das minhas pernas... levantei-me, vesti-me e ficámos a olhar uma para a outra ali no meio da penumbra. "São 10€", disse ela. "Ah, mas... quer que lhe pague já? Aqui dentro?". "Sim, se puder ser agradecia". Por acaso tinha uma nota de 10€ na carteira. Entreguei-lha e fui-me embora com a sensação que tinha acabado de fazer depilação na clandestinidade. Felizmente não saí de lá queimada - o meu maior receio - e a depilação até ficou bem feita, mas aqueles foram os 15 minutos mais constrangedores da minha vida. Depilação à média luz? Com um buda gigante a olhar para mim e cânticos gregorianos? É tudo demasiado transcendente para mim. Se voltar a precisar de fazer a depilação durante as férias lá vou ter de fazer novamente a rondinha dos cabeleireiros e... fazer figas.

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publicado às 09:42


1 comentário

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De Isa a 31.07.2014 às 14:21

Como te compreendo.. desde que mudei de cidade que vivo com esse drama. Anos e anos de tentativa e erro e quando finalmente tinha encontrado as pessoas certas e as rotinas estavam todas afinadinhas, pumbas, começa do principio. Já lá vai um ano e ainda não descobri um cabeleireiro que me agrade.. :/

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