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Esta é a semana do Dia da Mulher – dia 8, domingo – e por isso lembrei-me de uma discussão que tenho tido recorrentemente com várias pessoas sobre a utilidade, ou falta dela, deste dia.
Para mim a importância do Dia da Mulher nunca esteve em causa. Sempre achei que era uma data importante e que fazia todo o sentido ser celebrada. Mas no último ano, para meu espanto, cruzei-me com algumas pessoas que pensam precisamente o contrário. Que acham que este dia não devia existir porque perdeu todo o significado, que para além de ser só mais um dia consumista, onde as mulheres se juntam para irem correr de cor-de-rosa, entrarem à pala em quase todo o lado e terem descontos em mil e uma coisas; é também um dia em que são vistas como um ser especial, diferente. “Coitadinhas ganham menos que os homens, trabalham as mesmas horas, ou mais, e ainda têm de ser boas mães e esposas. ‘Bora lá dar-lhes flores e descontos em malas e sapatos para ver se ficam mais satisfeitas.” Portanto, para muitos, este dia não devia existir porque é só mais uma forma de sublinhar o quão especial a mulher é... mas pela negativa, por isso acham que se não o celebrássemos a luta pela igualdade de género passaria a ser uma coisa banal e não um problema do qual só se fala durante 24h e depois é esquecido.
Por um lado entendo este ponto de vista, claro. Acho que o Dia da Mulher devia ser usado de outra maneira, devia funcionar como um despertar de consciências e não uma forma de as adormecer ainda mais. Por outro, discordo completamente quando me dizem que ele nem sequer devia existir. Claro que devia existir! Não para recebermos flores à saída do metro; não para termos descontos em roupa; não para serem organizadas corridas só de mulheres, mas para nos lembrarmos – todos!, homens e mulheres - do caminho percorrido, do que já foi conquistado, e para reflectirmos sobre o que ainda falta conquistar. Isto é especialmente importante num país como o nosso, onde a luta pela igualdade de género é uma realidade muito recente. Nos anos 30 a Constituição estabeleceu o princípio da igualdade de todos os cidadãos perante a Lei mas com algumas excepções para a mulher que, devido à sua natureza, era relegada para segundo plano na vida familiar e na própria sociedade. Há quase 50 anos a mulher ainda não podia sair do país sem ter autorização do marido, nem podia tomar contraceptivos se o senhor seu esposo achasse que isso era um grande disparate. Posto isto, é óbvio que este dia deve existir, deve ser celebrado e deve ser um dia de discussão. Ou melhor, deve ser mais um dia de discussão. Porque, de facto, não é só no Dia da Mulher que a igualdade de género deve ser posta em cima da mesa. Esta deveria ser uma preocupação de todos, sempre, até as coisas realmente mudarem. E é precisamente por isso que este dia é importante. Não se falar das coisas nunca foi solução para nada. É bom haver dias destes para nos lembrarmos de quão más as coisas já foram. Acredito que baste isso, essa memória, para evitarmos cometer os erros do passado. E mesmo que hoje em dia ainda não se discuta o suficiente este assunto - embora ache que estamos melhores nesse aspecto - é muito melhor haver um dia por ano em que o tema venha à baila do que não haver dia nenhum. Aliás, até acho isso perigoso. Ao menos esta data obriga-nos a pensar sobre isso. Há que começar por algum lado, certo? Resta esperar que haja um ano em que a discussão comece no dia 8 de Março e se prolongue indefinidamente até as coisas mudarem efectivamente.
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