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A ecologia é uma questão de dinheiro?

por Marisa Furtado, em 18.02.15

Quando, na semana passada, ouvi a notícia de que a partir de agora os sacos de plástico que usamos para levar as compras eram pagos passei-me. Depois reflecti um bocadinho, pesei os prós e contras e continuei passada, embora um bocadinho menos. Está certo que levamos muitos sacos de plástico sem necessidade, que na maioria das vezes nem os enchemos como deve ser, que como são à borla levamos uma coisa em cada saco e não pensamos mais nisso, mas... dez cêntimos?! 10?? Não podiam fazer a coisa por menos? Ainda por cima este assunto toca-me especialmente no coração. Tenho um gato em casa e nem imaginam o jeito que os sacos do Jumbo e do Continente me davam para lhe tirar os xixis e os cocós da caixa de areia todas as manhãs. É óbvio que o vou continuar a fazer, até porque assim de repente não me lembro de outra solução, mas em vez de ser com sacos gratuitos vou ter de passar a comprar daqueles mais pequeninos para o lixo. Ou seja, o uso que dou aos sacos vai ser o mesmo e em igual quantidade... mas agora vou pagar por isso. É a vida.
Por mais voltas que dê ao assunto acabo sempre por compará-lo à fantástica lei de não se poder circular em certas zonas de Lisboa com carros anteriores a 2000. Eu até percebo a ideia, é importante haver menos poluição e estarmos todos conscientes do que podemos fazer para controlar isso, mas... não era mais justo que antes de virem mexer na carteira do povinho começassem por cima? Sim, era importante reduzir os níveis de poluição do ar em Lisboa mas antes de desatarem a multar pessoas que têm carros velhos, não porque querem mas porque não têm dinheiro para comprar um mais recente, deviam criar infra-estruturas para facilitar a vida às pessoas. Eu achava fantástico que não houvesse circulação de carros na Avenida da Liberdade desde que se arranjasse uma solução viável para quem opta por entrar em Lisboa de carro, como por exemplo melhorar ou alargar a rede de transportes e criar parques de estacionamento gratuitos. Claro que num mundo perfeito ninguém andaria de carro e usávamos todos os transportes públicos à disposição, mas as coisas não funcionam assim, nem podemos ser fundamentalistas a esse ponto, tenham lá paciência. O mesmo se passa com os sacos de plástico. Não seria mais justo se antes de cobrarem 10 cêntimos às pessoas por cada saco começassem por obrigar as empresas que embalam carne, peixe, fruta e por aí fora a usar outros materiais que não o plástico? Isso actualmente não acontece. Na segunda-feira fui às compras e quase tudo o que levava no carrinho era embalado com recurso a plásticos mas depois quando chegou a minha vez de pagar pimba dá cá 10 cêntimos por cada saco. Claro que fiz o que muita gente faz, comprei um daqueles de ráfia e pus tudo lá dentro, e claro que agora me vou tentar lembrar de andar sempre com um saco desses dentro do carro e, se pensarmos bem, isto, na verdade, não causa transtorno nenhum às pessoas, é só uma questão de hábito, mas isso não invalida tudo o resto. Não invalida eu achar mal que se comece sempre, sempre, sempre por baixo. Não se descobriu ontem que o plástico polui. Não é nenhuma novidade. Há países na Europa que já têm esta lei implementada há mais de 10 anos. O que me parece é que esta medida foi pensada mais para engordar os cofres do Estado e menos para criar uma consciência 'verde' nos portugueses.  
Os impostos aumentaram, o desemprego também e quem tem a sorte de manter o emprego viu o ordenado diminuir. Seria de esperar que o governo - assim mesmo, com letra pequenina - quando decidisse ser verde porque agora está na moda não começasse, por uma vez na vida, pelo povinho.

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publicado às 10:09


33 comentários

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De Artur Pinto a 25.02.2015 às 12:03

Realmente é um assunto dificil... E como diz a questão aqui é esta medida ter uma justificação pobre e que nos deixa com o sabor na boca de... mais impostos? Taxas e taxinhas... é assim que o nosso governo encontra o financiamento para todos os outros gastos superfulos que continua a ter e a fazer.

Esta moralidade, para os outros, vinda de quem não sabe o que é cuidar de uma casa ou viver com o ordenado minimo é irritante.

Os sacos poluem, é verdade, e nada contra a tentativa de mudar para habitos mais saudaveis e verdes, mas tenham tento.

Já agora, porque não cobram uma taxa de IVA e IMI para certos produtos, que são sempre importados e que custam dinheiro ao pais para os consumirmos menos? BMW's por exemplo...
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De Conceição Saraiva a 25.02.2015 às 18:30

Contra a medida não tenho nada. Mas a forma como foi aplicada. Para quem não sabe isto não é uma taxa, é uma contribuição, pois assim o nosso governo consegue taxar a dita contribuição com a taxa de Iva. Sim porque este imposto(Contribuição) de 8 cêntimos ainda é taxado dos 23% de IVA. E não é que o governo é tão justo que a lei saíu em 31 de Dezembro 2014, para ser aplicada a partir de 15 de Fevereiro de 2015. Por acaso o senhor ministro do ambiente não sabe que a maioria dos pequenos comércios compram este produto para 1 e 2 anos? Obrigou as empresas detentores de sacos declara-los para aplicar a taxa dos sacos. Então as pessoas compraram os sacos nem se falava na lei, e agora são obrigadas a pagar uma taxa? Isto não é inconstitucional? E taxa sobre taxa? Também não é? Se não é devia ser. Será que esses senhores (Governo) sabem o que se está a passar neste país? A maioria das pessoas tiveram que mandar destruir os sacos por não conseguir pagar a exorbitância de imposto exigido. Sacos esses que pagaram aos seus fornecedores que por sua vez já tinham sido taxados com o IVA que foi para os cofres do estado. Onde é que está o nosso Presidente da República que admitiu esta injustiça? E os nossos jornalistas? Não se houve falar deste assunto... Nós gostamos muito de saber como vai a vidinha do Sr. Engº José Sócrates e dos problemas da Grécia, mas por favor vejam o que se está a passar neste país. Basta ver o numero de lojas que há neste país e imaginar o numero de pessoas que estarão nesta situação. Eu não estou, porque se estivesse garanto que não declarava sacos nenhuns (sacos comprados antes de sair a lei) e ainda processava o governo Português por inutilizar os mesmos.

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